quinta-feira, 30 de setembro de 2010

DO SEGUIR A TRILHA AO PIONEIRISMO

Não são raras as vezes na vida que nos encontramos em certa encruzilhadas, com a mente e as emoções paradas, indecisas e com estagnação de energia do movimento.
Tomar a decisão correta nem sempre parece uma missão segura e confortável. Nas tensões do corpo e da respiração, perduram desequilibrios e dificuldades em escolher ou sentir o caminho a percorrer.

O problema é que a cada encruzilhada transcendida antecede outras encruzilhadas, e com maior altura à frente. E então, chega determinado momento que ocorre uma sucessão de repetições de padrões nas trilhas percorridas, ao longo dos anos de vida. A religião é um exemplo de repetição, girando em circulos os assuntos do ser humano. Seria correto reformular a resposta à pergunta, o que é o ser humano?

Uns conservacionistas, outros pioneiros. Os que preparam os resultados futuros, esses abrem caminho, cravam o piquete na terra e deixam o rastro de suas ações pioneiras.

Ao estudar o traçado de uma estrada, nota-se uma tendência das pessoas escolherem sempre o mesmo caminho. E, poucos escolhem os caminhos menos percorridos. E por quê esses poucos, percorrem o mato cerrado e alto, sem saberem antes a direção e aonde vão dar? Porque apenas seguem, acreditando em si mesmos.
Acreditar em si mesmo, é também um caminho, que depende de atitude e austeridade para trilhá-lo.

Austeridade: Na língua Portuguesa significa o cuidado escrupuloso em não se deixar dominar pelo que agrada aos sentidos ou deleita a concupiscência. Melhor dizendo, segurar a onda do apetite sexual!
Em sânscrito, o significado vai além. Tapas, ou austeridade é o fenômeno adquirido da prática austera de sublimar as energias pessoais para tranformar aquilo que está ruim ou indesejável dentro de si. Sacô?!
Até mais!
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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

CONTROLE X SENSIBILIDADE

No fim de semana passado viajei com meus filhos e esposa para Piracaia, num encontro de educadores voltado para um tema muito interessante: a educação não violenta.

Os ensinamentos foram bastante profundos e o que mais me chamou atenção foi a veia escolhida para demonstrar na prática, o ensinamento.
A relação do controle de uma situação, e do não controle, e também o não descontrole, mas uma sensibilidade, a partir de uma certa observação, foi demonstrado aos moldes do grandes mestres yogues do século vinte. Krishnamurti, Sivananda, Yogananda já haviam trazido esses ensinamentos, e o mais impressionante é que se disseminou em diversas áreas do conhecimento.

Em fisioterapia, uma terapêutica em cima desses ensinamentos se torna uma chave mestra para diversos momentos da vida cotidiana. Por exemplo um prática postural ou outra qualquer como de academias trabalham o corpo de modo a eliminar as tensões de um corpo bípede. Sabe-se que a gravidade achata a coluna vertebral e o tronco. Assim o ser humano é fadado à exercitar-se a vida toda.

Mas por outro lado tenho percebido que não basta só se exercitar .

Não são raras as vezes na vida que nos encontramos em certa encruzilhadas com a mente e as emoções paradas. Tomar a decisão parece uma missão difícil e complicada.
Mas quando se estabelece contato com um centro interno, e a partir dele toma-se a decisão, não há o que temer.

O problema é que a cada encruzilhada transcendida, outras encruzilhadas virão pela frente e com maior altura. E maior será a exigência da vida em superação e concentração. Nessa hora, controle não é a solução. Segundo o ensinamento, é preciso ampliar a sensibilidade, a respiração e a observação para honestamente ser aquilo que se sente e faz.


segunda-feira, 27 de setembro de 2010

CONCILIAR UMA VIDA SAUDÁVEL COM UMA VIDA DIVERTIDA

Muitos praticantes de academias de musculação, academias de yoga, tai chi, kung fu, praticam com seriedade e afinco as técnicas e seqüências de movimentos.
Com o objetivo de se tornarem fortes, robustos, ágeis e confiantes, está escondido um pensamento um tanto tacanho por trás de todo esse esforço técnico: o da hipertrofia.
Muitas vezes este pensamento se tornar tão forte que a diversão fica esquecida.

Lembro de um ensinamento que me foi passado na adolecência durante as práticas de àsanas no raja yoga. O ensinamento era o de fotalecer a mente e o corpo com serenidade sem desejar a hipertrofia.
A hipertrofia acaba com o pensar em se divertir. O negócio fica sério demais e acaba sendo um esforço muito grande para os órgãos e para própria psique. Um corpo rígido e visivelmente musculoso retira a capacidade de estabelecer contato com essa relação da saúde e da diversão.

Por outro lado fortalecer o corpo implica em ser flexivel, equilibrado, forte (não hipertrofiado), alongado, resistente, com respiração ampla e postura serena. Divertir-se durante uma prática física ou exercícios posturais específicos é sinônimo de sorrir.

O sorriso é uma atitude importante para o bem estar. O olhar para vida com diversão é um elixir da felicidade.

Diversão é a arte de rir de si mesmo. Aceitar os limites, os defeitos ou aparências do corpo.

Segundo os Zen Budistas, o sorriso aniquila todo mal que venha adoecer o ser e o corpo. E não poderia ser diferente. O riso de sua própria mediocridade eleva a consciência a níveis superiores as da emoção. Um sentimento que ao ser despertado torna-se até curador.

Minha amiga Ana Thomaz, no seu blog vida ativa posta no título uma frase incrívemente curadora: Só se melhora o que está bom. O que está ruim tem que transmutar. E é justamente essa, a atitude de sorrir. O sorriso elimina diversas tensões e desperta para novas experiências de vida.

Por isso seja qual for a atividade física, sorria. Isso pode vir a se tornar uma simulação de uma postura de sorrir noutras situações como diante da vergonha, do medo, da incompreensão. É uma arte.
Rir de si mesmo ao mexer o corpo vem a tona toda tensão e emoções paradas. Nessa leitura de si mesmo durante o exercício, o que deve ser feito?

Sorrir, respirar e se amar! Boa prática!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

SERENIDADE E SINCERIDADE

A tradição da sociedade consolidou regras de etiqueta convencionadas para ajudar o relacionamento entre as pessoas. Ligado à cortesia, o conceito de etiqueta vai além, sendo uma forma da pessoa que pratica determinado código de etiqueta demonstrar esta cortesia, bem como boas-maneiras.


Por outro lado, o comportamento humano não é universal e o choque de expectativas numa sociedade pluralista, multiétnica, aponta que cada grupo tem sua forma peculiar de demonstrar esses sentimentos. O melhor caminho seria respeitar as diferenças, apesar dos especialistas em etiqueta entenderem que os conceitos de educação e respeito sejam universais.

"A etiqueta enquanto regra, situa-se exclusivamente no campo moral, não sendo regulada por leis ou decretos, sendo às infrações a determinado código de etiqueta punidas apenas no âmbito social".

Toda essa tensão que se estende em outros níveis mais específicos da sociedade, se confundem com a necessidade de expressar aquilo que se pensa.

Quando levado ao pé da letra, as regras de conduta tornam-se um bloqueio à serenidade e sinceridade tornando-se angustia, pavor, pânico, um auto sufocar. Não somente como fatores puramente psicológicos, mas manifestações físicas, posturais. A respiração é o principal foco desse auto sufoco. Auto sufocar-se em detrimento das regras de conduta é um erro mortal.

E aquilo que antes serviria para melhora do relacionamento social torna-se um entrave.
Ouvi uma vez Gaiarsa dizer: - "Aprenda as regras, e depois de assimiladas e compreendidas, esqueça-as".
E respire fundo. Aceitar as diferenças é mais que silenciar a voz, é aceitar no pensamento o outro, sem querer convencer ou transpor sua verdade.

domingo, 19 de setembro de 2010

POSIÇÃO PARA DORMIR: EXISTE UMA CORRETA?

Ouvi de varias pessoas que a melhor posição para se dormir é a de lado. Mas pra qual lado? Há diferenças entre um lado e outro?
No olhar técnico, a melhor posição é a de decúbito dorsal, barriga para cima, sem travesseiro na cabeça. Isso porque mantém o coração relaxado com menor superfície de contato, sem gerar disfunções de outros órgãos.

Mas dormir de lado também é bom. Com tanto que seja para lado direito. Dormir em cima do lado direito não atrapalha tanto o funcionamento dos pulmões quanto o lado esquerdo. A anatomia dos brônquios é a causa desse fenômeno.

A entrada de ar acontece primeiro no pulmão direito e, em seguida, no pulmão esquerdo. O pulmão direito assemelha-se mais a um barril. O esquerdo a um filão.
Ao virar para a esquerda, o pulmão esquerdo, que já não recebe tanto ar quanto realmente precisa no dia-adia, fica amassado com o peso do coração e principalmente com o peso do fígado, um gigante dos órgãos.

Virar para a direita faz o fígado cair na cama, e por isso não obstrui o pulmão direito, que ventila melhor o ar por sua anatomia, mesmo deitado sobre ele.
Deitar para esquerda, sobre o pulmão esquerdo, diminue a quantidade de oxigênio para os tecidos e para o cérebro, levando a um desmaio e não a um sono.
É tão real isso que existem relatos falando que virar para esquerda de manha bem cedo, um pouco antes do horário de levantar, faz perder a hora. Os cinco minutinhos viram quarenta!

Se de manhã você resolve dar aqueles cinco minutinhos na cama após o despertador opte por deitar de barriga pra cima. Assim você não desmaia e não perde a hora!

Deu pra sacar? Aceito críticas e perguntas!

Ouvi dizer também de uma amiga, diretora de teatro e dança, que não existe posição correta para dormir, com tanto que se exercite diariamente o corpo com exercícios posturais e respiratórios.
Eu, assumo todas as práticas de sono. Às vezes, dar uma desmaiada é a solução!

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

DORES, VIDAS PASSADAS, FISIOTERAPIA E ESPIRITUALIDADE

A regressão de vidas passadas é um assunto muito extenso no qual não vou entrar em questão. A questão que realmente me pega como profissional da saúde é: Existe realmente uma relação direta com a dor e as experiências de vidas passadas?

Em clínica pude notar algumas relações da dor pouco ligadas ao quadro clínico. Dores que persistem por muito anos.
Em anamnese muito de tudo isso pode ficar escondido.
Alguns sensitivos, médiuns que conheço, falam sobre o assunto com bastante consistência e lógica. Eu tenho compartilhado das idéias mas pouco exercido de fato o ato mediúnico nas sessões de fisioterapia. Mas sei quando o assunto é para ser encaminhado para um médium.

Algumas pessoas, auxiliadas por um médium, relatam ter desaparecido a dor após terem tido consciência de uma vida passada. Ou duas. O fato é que alguma relação física deve existir na alteração postural, da contração dos músculos e nervos. A circulação do sangue pelas artérias também está envolvida, bem como todo o organismo e vísceras do corpo.

Uma parte do corpo onde há dor não é isolada de todo o resto, e o tratamento deve ter mais que uma visão global e holística, deve incluir uma visão também tão ampla quanto a espiritualidade.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

PERDENDO GORDURINHAS

Não há dúvida em relação a isso: segurar a boca ajuda muito. Só que mais que segurar a boca na alimentação é a qualidade do alimento ingerido.
Agora, mais do que a qualidade do alimento ingerido é a qualidade da mastigação. E mais que a qualidade da mastigação é a qualidade do sono.
E sabe de uma coisa? Melhor ainda que tudo isso é caminhar, respirar e amar si mesmo.
Pensou que eu fosse falar malhar, não é?

Pois é, a malhação pode te ajudar bastante com isso. Mas conheço uma série de pessoas malhadas sem resistência, sem endurance. O endurance é o aprimoramento da força muscular e da resistência, com programas de exercícios planejados, treinamento com pesos e flexibilidade. Malhar não elimina o estresse de uma vida desregrada. Gordura em excesso nunca foi desejado. Sobrecarrega órgãos como coração, o fígado, e quando atinge um nível perigoso, os rins e as artérias.

Grande parte do acúmulo de gorduras no organismo tem origem numa vida desregrada. De forma silenciosa, o fígado começa a estocar energia em forma de gordura. Alguns hábito nocivos como pouca ingestão de água, sono ruim, uso de energéticos e açúcar refinado são prejudiciais à saúde e à longevidade. Grande parte do acúmulo de gorduras no organismo tem origem numa vida desregrada e cheia de medos.

É certo dizer que o medo, no esporte ou na atividade física, é o que impõe limite do treinamento. Sem o medo, certos limites podem ser fatais.
Continuo convencido de que prática de caminhada, respiração e meditação, bem como amar a si mesmo são antídotos, tanto à pessoa comum como para o atleta.

Devemos cuidar para nos manter saudáveis. Saúde implica uma série de auto cuidados principalmente para atletas e esportistas. Estas três práticas propostas aqui, ainda muito pouco praticadas ou conhecidas, são imprescindíveis para qualquer superação de limites, em diversos casos. Neste caso, gordurinhas.

Não estou falando só de perda estética das gordurinhas, mas num movimento real de descoberta do amor a si mesmo. E respirar é o canal desse aprendizado.

Respirar elimina esse processo de estoque de energia porque lava o sangue com oxigênio, reequilibrando o sistema glandular das supra-renais, tálamo e hipotálamo. Amar a si mesmo eleva as defesas do organismo e melhora o humor.

E outra coisa: respirar bem implica em saber meditar e em saber ouvir a respiração natural na movimentação do corpo.
Não é somente puxar o ar com vigor. E muito menos saber soltar o ar. Muito menos ser um perfeccionista em técnicas de retenção dos intervalos da respiração e demais bandhas... Tudo isso é técnica, e deve ser trabalhada até ser conhecida por completo. Depois, deve ser abandonada porque, segundo o Gaiarsa, todo o movimento repetitivo é prejudicial à saúde. Pode ser uma faca de dois gumes se praticado ao pé da letra. Respirar bem implica em muito mais que tudo isso.

Um programa que seja realmente completo deve ser levado ao máximo da complexidade humana, para então ser uma forma de auto cuidado e auto terapia. Por isso acho que a perda de gorduras nada tem a ver com as gorduras em si mas com o modo de se trabalhar o corpo.

domingo, 5 de setembro de 2010

MORTE X DOENÇA

Na nossa sociedade brasileira existe diversas visões sobre o leito de morte. A mais comum dentre todas é aquela herdada do povo europeu, que atrela as doenças à morte.

Crer que a morte é o resultado final da doença traz embutido um medo, que nos faz perder, em sentimento, as diversas outras facetas que a morte pode ter.

Já ouvi dizer que não se fala de morte até que alguém muito próximo seja pego por ela.
Alguns pensamentos previsíveis vem a tona nesse momento. Pensar que a morte é triste e horrível condiz com a visão de que só se morre doente.

Outra visão um tanto tacanha é a dos chamados pacientes terminais. Essa é a mais absurda porque, afinal somos todos pacientes terminais, não?
Focar na doença ao invés de valorizar as forças que possui é um paradigma social já presente em nossas raízes culturais.

Focar no reequilíbrio e não na doença é uma mudança de paradigma. Quando você foca nas forças que possui e não nas que perdeu o organismo reage de maneira superlativa.
Tudo parece que está na maneira com que se olha para situação.

Diversos desequilíbrios posturais também são assim. O desafio de reequilibrar a postura é também uma simulação das dificuldades da vida, só que vivido em um curto espaço de tempo. O veículo para este sentimento é a respiração.

sábado, 4 de setembro de 2010

CIRURGIA DE JOELHOS X PROPRIOCEPÇÃO

Hoje em dia muitas pessoas estão passando por cirurgia de menisco e ligamentos.
Essas lesões são de diversas origens: excesso de peso, má postura, lesões do desporto, principalmente do futebol, sedentarismo ou tudo junto, no caso de esportistas de final de semana.
A fisioterapia é fundamental na reabilitação dos movimentos. Mas após a reabilitação o tratamento deve entrar em vigor.

O que tratar depois de reabilitar?

Devemos antes conceitualizar tratamento para a fisioterapia, que difere do conceito médico. Tratar para um médico implica em medicar, excluindo todos os fatores de risco relacionados a doença, onde o melhor momento para se tratar é a crise.

Na crise a fisioterapia reabilita e o tratamento vem em seguida. Tratar envolve acompanhamento quase que diário, traçar um programa personalizado de novos hábitos posturais, onde o treinamento postural se estende ao longo de pelo menos três meses.
Assim, criar este hábito no paciente de modo que a presença do fisioterapeuta passe a ser cada vez menor.

O maior problema está naquele que passou por uma cirurgia de joelho, e não atende ao desenvolvimento proprioceptivo nas atividades físicas.

Segundo José Ângelo Gaiarsa a propriocepção é um sexto sentido. Desenvolvê-la envolve sentir e movimentar o corpo no espaço, mesmo de olhos fechados.

Isso porque 80% do cérebro está encarregado dos movimentos. E 99% dessa área é comandada pela visão. Desenvolver a propriocepção é o mesmo que um sexto sentido, porque outros potenciais cerebrais estão envolvidos na ação.

Tomar consciência de cada ângulo de movimento, da respiração e da postura é a própria fisioterapia postural. Muito mais que prevenção, ela significa um trabalho persistente de exercícios posturais, o que a maioria das pessoas acabam, de modo equivocado, deixando de lado.